segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A Metáfora


Tentei sentir. Não consigo se for Eu, por isso vou ser eu.

Jardim.
Talvez não fosse um jardim. Mas havia relva, e era verde clara como nos filmes. Gentes sorriam de um lado para outro. Também se ouvia música. Era um festival de Verão. Sabia bem, estava o céu azul ainda por cima!

Alguma confusão ao fundo. Não conseguia perceber o que se passava ao certo.
Andar do prédio em frente.
Os três homens à janela eram os responsáveis. Reconheci um deles.
Decidi parar com aquilo, então apressei-me decidida.
Subi as escadas do prédio (Não sei se por esta altura já sabia como o ia fazer ou se isso veio só depois)

(...)

Deixei-me perder o equilíbrio, caindo de costas para o muro da varanda. Não consiga fazê-lo, mas ao mesmo tempo... estava a acontecer.
Ele suplicava já com pouco fôlego - este ainda mais diminuido pela "moleza" da droga - "Não para, por favor...".
Os meus dois braços envolviam-lhe o rosto, e aos poucos o pescoço. Aos poucos. Sem pressa.
O desgosto. que me abraçava ao memso tempo. O desgosto era acompanhado pela calma que me preenchia. Lentamente. Tudo dentro de mim era embalado de forma tão doce.
Matei-te.

Subi o muro, e fiquei de pé virada para o jardim.

"Agora que o fiz, so uma coisa faz sentido"

"Quando era pequenina sonhava que me atirava das janelas e voava!" - e este pensamento soube-me bem melhor...

Abri os olhos. Via o céu azul por cima de mim. A relva verde dos filmes extendia-se.
Os outros dois homens estavam ao meu lado também deitados de barriga para o céu.
Sabiam que ele tinha morrido. Não creio que soubessem como.
Um deles abraçou-me. Primeiro recuei, mas acabei por ceder aos olhares simpáticos e acolhedores. "Ele gostava mesmo de ti" - disse o do abraço. Estremeci. Mas eu sabia.


Bom dia.

Um comentário:

Pan disse...

"Bom dia Sofia! Acorda!
São horas de parar de matar pessoas e fazer algo útil à vida.", diz a melhor amiga ainda com algum sono. "Ai! Sinto-me tão bem agora...", pensa a Sofia enquanto abre os olhos. "E ele, morreu mesmo?", pergunta sem obter resposta. Nem repara nisso porque um novo pensamento ultrapassa qualquer possivel resposta: "Fiquei realmente aliviada!"