sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Mafalda,

Hoje descobri que não gosto de despedidas. Ou melhor, de partidas.
Prefiro sempre ser eu a partir, a deixar para trás. A expectativa daquilo que nos espera na estação seguinte dá-nos sempre mais força do aquela que a ânsia oferece a quem fica na plataforma.

Hoje também me lembrei que guardei algumas coisas, talvez amor. Guardei-as tão bem que, quem sabe, talvez nunca mais as encontre. Não sei se é bom, é?

Com ou sem companhia eu sempre fui e sempre serei uma "viajante solitária". Os lugares são quadros com paisagens, são vidas e sabores. E eu, eu estou nesse mundo, no meu mundo.
Lembro-me das viagens em Agosto; do vento quente a entrar pela janela do jipe e do vento húmido, ainda que igualmente quente, que se fazia sentir no deque. Sabia quase sempre a liberdade. Quase porque às vezes é a fingir. É um refúgio das nossas coisas; dos hábitos de sempre - do café de todas as manhãs, das ruas boémias de todas as noites - ;dos que se despediram. Um refúgio de nós mesmos portanto.
Se Hoje fosse hoje para sempre, eu ia. E tu?




( é verdade, fui procurar a música do táxi )


Agradecimento especial à minha melhor amiga. Pelo espírito selvagem, pela coragem de se aventurar, pela loucura tão única, e pelo amor.
Obrigada

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Adão e Eva

Não, não é da minha autoria, mas faz todo o sentido!

" Como apareceu o homem:
Um dia, no jardim do Éden, Eva disse a Deus: - Deus, tenho um problema!
- Qual é o teu problema, Eva?
- Deus, sei que me criaste e me deste este maravilhoso jardim e todos estes maravilhosos animais e esta serpente tão radiosa, mas ... não sou feliz.
- Por que, Eva? - disse a voz lá de cima.
- Deus, estou sozinha e não aguento comer mais maçãs.
- Bem, Eva, nesse caso, tenho uma solução. Criarei um homem para ti...
- O que é um homem, Deus?
- Um homem será uma criatura defeituosa, com muitos atributos negativos. - Mentiroso, arrogante, vaidoso; em resumo, fará da tua vida um inferno. Mas... será maior, mais rápido, e vai caçar e matar animais para ti. Terá um aspecto estúpido quando ficar excitado, mas, para que não te queixes, vou criá-lo com o objectivo de satisfazer as tuas necessidades físicas. Será patético e sentirá prazer em coisas infantis, como lutar e dar pontapés numa bola. Não será muito inteligente e vai precisar do teu conselho para pensar adequadamente.
-Parece óptimo - disse Eva com um sorriso irónico.
- Porém...
- Qual é o problema, Deus?
- Bem... irás tê-lo com uma condição.
- Qual, meu Deus?
- Como te disse, será orgulhoso, arrogante e egocêntrico... Assim terás que deixar que ele acredite que eu o fiz primeiro."


;P

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A Metáfora


Tentei sentir. Não consigo se for Eu, por isso vou ser eu.

Jardim.
Talvez não fosse um jardim. Mas havia relva, e era verde clara como nos filmes. Gentes sorriam de um lado para outro. Também se ouvia música. Era um festival de Verão. Sabia bem, estava o céu azul ainda por cima!

Alguma confusão ao fundo. Não conseguia perceber o que se passava ao certo.
Andar do prédio em frente.
Os três homens à janela eram os responsáveis. Reconheci um deles.
Decidi parar com aquilo, então apressei-me decidida.
Subi as escadas do prédio (Não sei se por esta altura já sabia como o ia fazer ou se isso veio só depois)

(...)

Deixei-me perder o equilíbrio, caindo de costas para o muro da varanda. Não consiga fazê-lo, mas ao mesmo tempo... estava a acontecer.
Ele suplicava já com pouco fôlego - este ainda mais diminuido pela "moleza" da droga - "Não para, por favor...".
Os meus dois braços envolviam-lhe o rosto, e aos poucos o pescoço. Aos poucos. Sem pressa.
O desgosto. que me abraçava ao memso tempo. O desgosto era acompanhado pela calma que me preenchia. Lentamente. Tudo dentro de mim era embalado de forma tão doce.
Matei-te.

Subi o muro, e fiquei de pé virada para o jardim.

"Agora que o fiz, so uma coisa faz sentido"

"Quando era pequenina sonhava que me atirava das janelas e voava!" - e este pensamento soube-me bem melhor...

Abri os olhos. Via o céu azul por cima de mim. A relva verde dos filmes extendia-se.
Os outros dois homens estavam ao meu lado também deitados de barriga para o céu.
Sabiam que ele tinha morrido. Não creio que soubessem como.
Um deles abraçou-me. Primeiro recuei, mas acabei por ceder aos olhares simpáticos e acolhedores. "Ele gostava mesmo de ti" - disse o do abraço. Estremeci. Mas eu sabia.


Bom dia.